domingo, 26 de dezembro de 2010
O BARQUEIRO E O "DOUTOR"
Conta-se a história de um barqueiro que ganhava a vida fazendo a travessia de viajantes num rio muito agitado.
Ele gostava do seu trabalho, o qual procurava fazer sempre com segurança e rapidez.
Certo dia apareceu um sujeito todo emproado, cheio de pose. Enquanto atravessavam o rio, o "doutor" resolveu humilhar o barqueiro com sua verborreia:
- O senhor sabe ler?
- Não, senhor, não tive a oportunidade de aprender.
- Ah, meu amigo, as maravilhas da escrita... o senhor nem sabe o que está perdendo. Posso lhe garantir que o senhor perdeu uma grande parte da sua vida por não saber ler.
O barqueiro ficou quieto, mas o "doutor" insistiu:
- Mas, fazer contas o senhor sabe, não sabe?
- Não, senhor, nunca aprendi a fazer contas.
- Ah, meu amigo, as maravilhas da matemática... o senhor perdeu mais uma grande parte da sua vida por não saber matemática.
Neste exato momento a canoa bateu em alguma coisa e vazou água. O barqueiro fez o que pode, mas não conseguiu estancar o vazamento. Então, disse para o seu passageiro:
- "Doutor", tire os sapatos e o paletó, vamos ter que ir à nado e vamos ter que nadar bastante, pois a correnteza é forte neste lugar.
- Mas, meu amigo, eu não sei nadar.
- Não sabe nadar, "doutor"?
- Não sei, não tive a oportunidade de aprender.
- Ih, "doutor", então o senhor perdeu a sua vida toda.
Porque o reino de Deus não consiste
em palavras, mas em poder.
I Coríntios 4.20
terça-feira, 13 de abril de 2010
Desejo...
Mas talvéz o meu querer enganado esteja.
Eu tenho vontade!
Mas a minha vontande talvéz seja pura vaidade.
Eu desejo uma chance.
Mas isso não sei se você pode me dar...
Talvéz eu nunca saiba, nunca experimente estar ao teu lado.
E o querer
A vontade
E o desejo
desapareçam...
Ah como doi pensar em não mais te querer.
Mas prefiro sentir isso agora para nunca mais sofrer.
Desejo...
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Relacionamentos
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ???? |
domingo, 17 de janeiro de 2010
Para quem quer aprender a gostar
Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar:
aprenda a fazer bonito o seu amor.
Ou fazer seu amor ser ou ficar bonito.
Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.
Tenho visto muito amor por aí.
Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva.
Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos.
Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção.
Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.
Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente se percebem ameaçados apenas e
tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam;
deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões.
Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor.
Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reivindicar, de exigir justiça,
equidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento
de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira. Ter razão é um perigo; em geral
enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada. Amar bonito é saber a hora de ter razão.
Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito?
De que está tirando do gesta, da ação, da reação,do olhar, da saudade, da alegria do encontro,
da dor do desencontro a maior beleza possível? Talvez não. Cheio ou cheia de razões, você espera
do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse
pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito.
Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margaridas e enfeite a cabeça de quem você ama.
Saia cantando e olhe alegre. Recomendam-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando;
não se cansar de olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações;
adiar sempre, se possível com beijos,“aquela conversa importante que precisamos ter”; arquivar, se possível, as reclamações pela pouca atenção recebida.
Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível.
Quem ama bonito, não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança
de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos): não teorize sobre o amor; ame.
Siga o destino dos sentimentos aqui e agora. Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme.
Como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração;
contar a verdade d o tamanho do amor que sente. Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes,
espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge da sua emoção
e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs.
Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do natal infantil.
Revivendo os carinhos que intui em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor,
ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo o que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pôde, foi possível, ser.
Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições.
Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho.
Cuide de você. Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar
do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.
- Artur da Távola